O Tempo para salvar-me!
Na Terra Deus me dá o tempo para me salvar e me santificar. "Ele nos
quer todos salvos". (I Tim 2,4), quer a nossa "Santificação" (I Ts 4,3) e
nos dá a possibilidade através do arco de tempo estabelecido para a
nossa vida terrena. O arco do tempo pode ser mais ou menos longo. São
Domingos Sávio se santificou vivendo somente 15 anos. Santo Afonso Maria
de Ligório, vivendo 91 anos. A medida do tempo está nas mãos de Deus,
"patrão da vida e da morte" (Sb 16,13). Nós devemos só utilizar o nosso
tempo segundo a finalidade para a qual Deus nos criou, ou seja: "para
conhecê-Lo, amá-Lo e servi-Lo nesta vida e depois adorá-Lo no Paraíso",
segundo o catecismo de S. Pio X. Isto significa: "Operar o bem enquanto
tivermos tempo". Como recomendava S. Paulo (Gl 6,10). Tudo me deve
servir pra conseguir o gozo eterno do Paraíso que consiste na visão
beatífica de Deus. Se assim não for, se trabalha inutilmente, perdendo
incalculáveis mértios e energias.
A um velho eremita, um dia, perguntaram a idade. "Tenho 50 anos",
respondeu."Não é possível! - respondeu o visitante - Tens, certamente,
mais de 70.". "É verdade - respondeu - A minha idade seria 75, mas os
primeiros 25 eu não conto, pois passei longe de Deus".
A que me serve?
São Bernardo dizia: "Todo o tempo que não usamos para Deus é perdido".
Por isso, São Luiz Gonzaga, como tantos outros santos, se propôs de
perguntar-se antes de cada ação: "A que me serve para a eternidade?" E
refletindo profundamente, compreendeu bem como valesse a pena renunciar a
posse de um principado e a um futuro de glórias terrenas para se
consagrar inteiramente a Jesus e a aquisição da Glória Eterna,
consumindo-se de amor por Deus e pelo próximo. Santo Afonso Maria de
Ligório obrigou-se com um voto especial: o de não perder um átimo de
tempo! E o observava com um heroísmo que comovia.
Quando escrevia por horas e horas aquelas páginas de doutrina e de
piedade que iluminavam tantas almas, se às vezes lhe doía a cabeça,
apertava com uma mão uma pedra sobre a testa e com a outra continuava a
escrever. Se quiséssemos examinar o uso do nosso tempo e a finalidade
das nossas ações, não é verdade que deveríamos pôr as mãos na cabeça?
Quanto tempo perdido! Talvez estejamos prontos para dizer de não ter
tempo nem para qualquer minuto de manhã e a noite, ou para dizer um
Terço (15 minutos), ou para fazer uma boa obra... E depois não nos damos
conta de perder a cada dia horas de tempo livre vendo televisão ou indo
ao cinema, aos bares ou à rua, ou indo ao campo de futebol entre
cigarros, canções e conversas fiadas. Este é o uso do tempo livre de
muitos cristãos!
O que dizer da finalidade sobrenatural que deveriam ter as nossas ações?
Agimos somente com finalidade de lucro. Se faz tudo por interesse. Se
trabalha só pelo dinheiro. E que prontidão súbita quando devemos nos
queixar por inconvenientes incômodos ou perdas! É tudo calculado. Tudo
me deve dar o máximo de rendimento e gozo com o mínimo esforço. Talvez
no nosso comportamento não exista nem um sopro de Amor a Deus, um aceno
de intenção sobrenatural, um odor de elevação à finalidade mais alta
pela qual um cristão deveria agir. "Quer comais, quer bebais, ou façais
qualquer outra coisa, fazei tudo pela Glória de Deus". (I Cor 10,31).
Como faremos juntos de Deus? Se é verdade que um dia prestaremos conta
até de cada palavra ociosa (Mt 12,36) tanto mais prestaremos conta de
cada minuto perdido. Em um minuto de tempo se podem fazer diversos atos
de Amor a Deus. Assim faziam Santa Bertila Boscardin que passava pelos
quartos do Hospital recitando amorosamente o Rosário. Nós, ao invés,
passamos de ação em ação, de lugar em lugar só atentos ao nosso
interesse. Mas não nos iludamos: "aquilo que o homem semear, aquilo
colherá!" (Gl 6,8). Se enchermos o nosso tempo de ações feitas para
Deus, colheremos um dia a visão serenidade Deus. Se ao contrário,
colheremos os sofrimentos do Purgatório, ou, não queira Deus, do Inferno
Eterno!
Um belo exemplo
Olhemos um modelo de Santo nosso contemporâneo: o Beato José Moscatti,
grande médico napolitano. Não viveu muito, mas encheu seu tempo de
coisas nobres e santas. Todos os dias ele começava sua jornada às 5
horas da manhã, com duas horas de oração recolhida e intensa. Fazia sua
meditação, participava da Santa Missa, recebia a Santa Comunhão e fazia
um longo agradecimento. Sem estas 2 horas e sobretudo sem a Santa
Comunhão, ele dizia não ter coragem de entrar na sala médica para
visitar os doentes. Logo depois das 2 horas de oração, entrava nos becos
de qualquer bairro da velha Nápolis, descia a qualquer gueto ou subia
em qualquer porão a visitar gratuitamente doentes em condições penosas e
miseráveis. Continuava a sua manhã com a escolha e com as visitas
médicas no Hospital. Antes de uma diagnose, nos momentos de dificuldade,
punha a mão no bolso, apertava o Rosário por um momento, rezava a Nossa
Senhora. Durante as visitas não era menos preocupado de recomendar aos
enfermos a cura da alma, dando conselhos e avisos concretos, como
aqueles de confessar-se e comungar. Ao meio dia, ao soar o sino do
Ângelus, embora estando em sala médica, recitava sem falta a Oração,
convidando os presentes a rezarem com ele. De tarde continuava as
visitas médicas em casa até o pôr-do-sol. Fechava seu dia com a visita
ao Santíssimo Sacramento, com a recitação do Santo Rosário e as orações
noturnas. Morreu durante as suas visitas médicas, amando os corpos e as
almas dos enfermos. Eis um verdadeiro cristão que "operava o bem
enquanto tinha tempo". (Gl ,10).
Começar e terminar o dia com as orações de manhã e a noite;
mortificar os olhos e a língua para não perder tempo em curiosidades e conversas;
rezar ao invés de falar futilidades e/ou inutilmente.
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