São Luíz Maria Gringnon de Montfort

São Luís Maria Grignion de Mantfort veio ao mundo aos 31 de janeiro de 1673. Seus pais eram João Batista Grignion de Bachelleraie e Joanna Visuelle de Chesnais, ambos de famílias nobres, mas pouco afortunados.

No Batismo o menino recebeu o nome de Luís, ao qual na crisma se acrescentou o de Maria. Mais tarde abandonou o nome de sua família, passando a chamar-se Luís Maria Montfort, porque foi em Montfort onde recebeu o santo batismo. Do matrimônio abençoado dos Bachelleraie-Visuelle, além de Luís Maria procederam mais 17 filhos, dos quais um se fez padre, outro entrou na Ordem de S. Domingos, e uma irmã tomou o hábito de São Bento. Guyonne Jeanne, geralmente chamada Luísa, tornou-se Irmã do SS. Sacramento. Morreu em odor de santidade e era predileta do Santo.

Luís Maria, a exemplo do seu patrono, S. Luís, tinha tomado por lema de sua vida: “Deus só”. Já nos dias de sua infância experimentou provas de amor e proteção especiais de Maria Santíssima, sua “Boa Mãe”, como ele habitualmente a chamava.

Pouco afeito aos divertimentos e jogos próprios da idade infantil, encontrava todo o seu deleite nas cousas celestes. Alma privilegiada que era, na oração encontrava sua felicidade. Não lhe pareciam longas as horas passadas aos pés do tabernáculo ou do altar de Maria.

Em seus pais e mestres via o próprio Deus, e mostrava-lhes o mais profundo respeito.

Embora tivesse que sofrer não pouco da parte do pai, que era irascível e violento, Luís nunca lhe causou o menor desgosto, como o próprio pai, na presença de numerosa reunião de sacerdotes e religiosos declarou.

Jovenzinho ainda, já era missionário; vêmo-lo exercendo esta missão junto à mãe abatida pelo desgosto e pelas fadigas domésticas; Ele consola-a, anima-a, acenando-lhe o céu. Emprega a sua influência junto à irmã Luísa para levá-la ao caminho da piedade e do amor divino. Que de indústrias não empregava para subtraí-la aos folguedos infantis, próprios da idade, a fim de tê-la como companheira nos exercícios de devoção!

O que, porém, se fazia notar, já neste tempo, como era em toda a sua vida, era a sua singular devoção à Santa Virgem. “O amor de Maria, diz um seu condiscípulo, era como inato nele”.

“Não é de mais afirmar que esta boa Mãe o escolhera, desde o começo, para torná-lo um dos seus privilegiados”. Encontrando-se diante de uma imagem de Maria, parecia não conhecer mais ninguém, tanta a sua devoção, tal a imobilidade tal o êxtase em que se via arrebatado.

Para nos dar uma idéia do temperamento de Luís Maria seu biógrafo escreve: “Para bem avaliarmos os componentes do seu temperamento, bastar-nos-ia a recordação do caráter áspero e irritadiço do seu pai. No entanto é o próprio santo que nos afirma a sua semelhança com o temperamento paterno. Diz que mais padeceu para dominar a sua vivacidade e a paixão da cólera, que todas as paixões reunidas. Se Deus, dizia ele, o tivesse destinado para o mundo, teria sido o homem mais terrível do seu século. Tinha ele os elementos característicos e peculiaríssimos de legítimo bretão. “A conduta de Grignion de Montfort, diz Grandet, oito anos apenas após a morte do Santo – de tal forma pareceu extraordinária aos seus contemporâneos, que os ímpios a tomavam como diabólica, chamando-o de malfeitor, de anti-cristo, de obsesso; os mundanos consideravam-no extravagante, e os bons pelo menos tinham-no como esquisito e fora do comum. Era extraordinariamente forte; vi-o – continua Grandet, de uma feita transportar uma laje sepulcral que dois homens fortes não conseguiriam levantar, da terra”. Por causa mesmo desta sua complexão robusta, vigorosa e viva é que ele deveria muito lutar: para domá-la foi mister abatê-la com penitência e sofrimentos.

Na idade de começar os estudos, Luís Maria se transferiu para Rennes, onde os Padres Jesuítas possuíam um florescente colégio. Como em Montfort, também em Rennes o tempo era inteiramente consagrado ao trabalho e à oração, sabiamente dirigido pelos mestres, Luís avançava rapidamente no caminho da santidade. Foi lá que Maria SS. lhe revelou sua vocação para o estado eclesiástico; foi lá que entrou para a Congregação Mariana.

Não lhe faltaram ocasiões de se exercer nas virtudes, em suportar com paciência injúrias e contradições. Ávido de sacrifícios, reduzia seu corpo à servidão com toda a sorte de mortificações. Foi naquela época que fez o noviciado de caridade para com os pobres, virtude esta, cuja prática tornou-se nota característica de sua vida.

Seu único divertimento era a pintura, para a qual tinha ótimas disposições. Só, e sem mestre aprendera desenhar em miniatura; sua habilidade era tão grande que lhe bastava ver para reproduzir maravilhosamente.

Ocasião que se lhe ofereceu para iniciar o estudo de teologia no Seminário de S. Sulpício em Paris, com o aplauso de seus pais, aproveitou-a. A pé fez a viagem de dez dias para a capital onde se pôs a disposição do vigário de S. Sulpício, que lhe confiou o lúgubre ofício de velar os mortos da paróquia. A pensão era escassa e a mesa, por causa da carestia, paupérrima. Não obstante, com grande ardor atendia aos seus estudos laboriosos.

Em 1694, contando vinte e um anos, recebeu as ordens menores. Com a morte do vigário de S. Sulpício, perdera seu benfeitor, e viu-se a braços de grande pobreza, vivendo às vezes em suprema penúria. Sempre pôde experimentar o auxílio de sua Boa Mãe, Maria SS. Assim aconteceu, quando gravemente enfermo, todos julgando-o nos momentos extremos, como de repente fugiram os sintomas do mal e em poucos dias se achava em condições de continuar os estudos.

Pelo empenho de uma piedosa senhora, foi admitido ao pequeno Seminário de S. Sulpício, fundado e regido pelo Pe. Olied.

A entrada neste seminário foi providencial para Montfort, que na convivência com o santo diretor mais ainda pode aprofundar-se, como se aprofundou na devoção a Maria SS. Tomou forma concreta em sua alma a convicção de a vida do cristão deve ser uma vida dedicada e unida só a Maria, sempre e em tudo agindo segundo as suas intenções e em sua honra. Montfort, segundo os desígnios de Deus, devia ser o depositário desta doutrina, para, desenvolvendo-a e publicando-a, propagá-la em uma forma fácil, clara, atraente; escopo a que ele se dedicou com admirável fidelidade. Em sua vida posterior, missionária, todos os discursos, escritos cânticos e especialmente o seu magnífico “Tratado da verdadeira devoção à Virgem Maria”, subordinou ao apostolado desta devoção.

Antes de levá-la ao mundo, Montfort, como piedoso seminarista, fê-la florescer no seminário de São Sulpício, e com a devida licença dos superiores introduziu a consagração dos “Escravos de Jesus em Maria”.

Maria SS. teve no Santo de Montfort um escravo de amor, obediente, desinteressado. Orgulhoso deste título era, mais que de outro qualquer, a ponto de, desta época (25 de março de 1697) em diante, subscreve-se simplesmente: “Escravo de Jesus em Maria”. É possível que já então desfrutasse da presença de Maria, como diz em um dos seus cânticos.

Em grande estima era tido por seus superiores; mestres e alunos de S. Sulpício eram unânimes em afirmar que a SS. Virgem mesma inspirava o seu devoto servo, fecundando admiravelmente suas fadigas.

Ainda que não tomasse parte nas preleções da afamada faculdade da Sorbona, sustentou com brilho uma disputa teológica sobre a graça, na qual enfrentou as objeções combinadas de seus companheiros e as rebateu soberanamente.

Escravo de Maria, como o Primogênito da divina Mãe, havia de ser e foi uma vítima, homem de sofrimentos, saturado de opróbrios. Com facilidade, porém, carregou a sua cruz. Com o apóstolo podia exclamar: “No meio do sofrimento, estou repleto de gozo”.

Desde sua chegada à S. Sulpício empenharam-se os superiores a corrigir tudo o que houvesse de singular em suas maneiras. Passou por uma escola duríssima, e nada foi poupado para pôr à prova sua virtude. O Santo foi experimentado de mil maneiras. Tirava-se-lhe hoje a concessão ontem obtida; as permissões lhe eram dadas de má vontade, ou continuamente negadas ou reparadas imerecidamente. Parecia seu diretor se ter especializado em fazê-lo penar sem tréguas e em cobrí-lo sempre de confusão.

Os clérigos, levados pelo exemplo do diretor, autorizavam-se também de experimentar a virtude do condiscípulo. Este, porém, com a lembrança do Divino Mestre, manteve-se sereno, benévolo, guardando sempre a paz e tranqüilidade.

Foi ordenado a 5 de junho de l700. O restante deste dia passou aos pés do SS. Sacramento e vários dias dedicou à preparação para a primeira missa. “Assisti a este sacrifício, escreveu o seu biógrafo, Padre Blain – e pareceu-me ver celebrar não um homem e sim um anjo”.

No mesmo ano da sua ordenação iniciou Montfort sua vida apostólica como missionário. Logo no princípio experimentou decepções das mais desconsoladoras, que puseram a duríssima prova a sua própria vocação. Começou seu magistério no hospital de Poitiers, que “era uma babilônia, onde em vez da ordem e da paz reinava só discórdia”. Enamorado da pobreza, escolheu para si o pior dos cubículos, não querendo viver senão de esmolas e sem demora pôs mãos à obra. Seu trabalho foi cumulado de bênçãos de Deus. Transformou aquela casa tanto material como espiritualmente. Ingratidão, porém, foi a paga dos beneficiados.

Tanto foram as maledicências, tão graves as calúnias levantadas contra a sua pessoa, que o próprio diretor do seminário chegou a repelí-lo, diante de todos os mestres e estudantes. O pároco de S. Sulpício deu-lhe idêntico acolhimento, não obstante ter sido ele um dos seus admiradores. Em meio de sua tristeza e no abandono por parte de seus melhores amigos, restava alguém que nunca o abandonara: recorreu à Virgem Protetora. Esta foi solícita, em atendê-lo.

A reentrada no Hospital de Poitiers ocasionou a fundação feita por Montfort, de uma Congregação de Irmãs de Caridade, à qual deu o nome de “Filhas da Sabedoria”.

Desde os primeiros momentos de sua vida sacerdotal Montfort sentia-se chamado para ser missionário. A este apostolado se dedicou de corpo e alma. Em muitas dioceses e inúmeras paróquias da França fez ouvir a sua voz de apóstolo e instrumento extraordinário, tem sido na conversão de muitas almas. A sua palavra ardente e arrebatadora era sempre acompanhada pelo exemplo de um verdadeiro zelador das cousas de Deus. Não lhe faltaram, é certo, a bênção de Deus e bem visível até a assistência do Divino Espírito santo. Em Maria Santíssima tinha ele a mãe protetora e auxiliadora.

Não eram poucas as missões por ele pregadas, que terminaram em verdadeiros triunfos de piedade e em conversões em massa. O inferno, por sua vez, não podia ver de bons olhos os grandiosos efeitos das operações missionárias do incansável e santo missionário. Ocasião não deixava passar, sem perturbar-lhe os planos, e mover guerra contra a sua pessoa e seus intentos. Referindo-se a estas maquinações diabólicas, ele mesmo, bendizendo-as em uma das suas cartas atesta: “Jamais fui como hoje pobre, humilde e atribulado: homens e demônios movem contra mim uma guerra sumamente amável. Zombam de mim, caluniam-me, vejo eu em farrapos a minha própria fama, e minha pessoa em prisão! oh! dons preciosos!”

Pesada cruz levava ele, e tempo houve, que duvidou, se ao menos por algum tempo não deveria abandonar os cuidados do ministério apostólico para atender à grande inclinação e ao incitamento para a vida contemplativa. Chegou mesmo a se associar aos eremitas do monte Valeriano. Fez-lhes o benefício de, não tanto pela palavra, senão pelo seu exemplo e espírito de penitência restabelecer a ordem e a disciplina naquela comunidade.

Reclamada novamente sua presença no hospital de Poitiers, mais uma vez retornou a seu posto na vida de caridade e sacrifício.

O inferno, no entanto, rugia de ódio e sua sanha se reacendeu decidida. Belzebu vomitou sobre o homem de Deus tamanha onda de procelas e perseguições que quase conseguiu abatê-lo.

Foi a Roma para implorar do Sumo Pontífice Clemente XI, a licença de se poder dirigir para as terras dos infiéis.

O Papa, entretanto, fê-lo voltar para a França, para combater a peste jansenista, honrando-o com o título de Missionário apostólico. Obedecendo a este mandamento, dedicou-se ele definitiva e completamente às santas empresas.

Deus o requisitou para este cargo, concedendo-lhe dons admiravelmente aptos para este fim. Inaugurou em 1705 sua carreira apostólica em um subúrbio de Montfort, bairro conhecido como foco de vícios e maldades. Como esta, havia ainda outras populações, e Montfort deixou-as completamente transformadas e regeneradas. O distintivo especial do santo missionário em relação a outros Santos foi sua singular devoção à Virgem Maria. Era esta devoção que insistentemente inculcava aos seus ouvintes, afirmando sempre com S. Bernardo, que todas as graças haviam de esperar que lhes viessem das mãos de Maria. Esta devoção nunca esmorecida e sempre comunicativa de Montfort explica a força, a uniformidade de seu apostolado. Sua vida, santificada por tão admirável devoção, abalava as populações num contínuo prodígio, dispondo-as a um acolhimento simpático de sua palavra inspirada.

Em 1705, Montfort realizou a idéia, que havia muito, vivia em sua alma, de fundar uma “Companhia de sacerdotes, completamente dedicados às missões, e militando sob o estandarte e a proteção de Maria Santíssima”. Fundou a Companhia de Maria e para ela compôs uma regra conforme sua finalidade. Os missionários pertencentes a esta Companhia, seriam os herdeiros do seu entranhado amor a Maria: a missão deles seria fazer Maria conhecida e amada por todos a eles confiados. A Companhia fundada por Montfort tomou incremento e conta hoje com milhares de religiosos professos. Desde 1966 se acha estabelecida também no Brasil.

Também a Congregação das Filhas da Sabedoria teve grande desenvolvimento na França, e com ótimos resultados exerceu seu apostolado da caridade e do ensino. Maria Luísa Trichet foi a grande coluna sobre a qual São Luís estabeleceu sua congregação feminina.

Da sua vida missionária tenha lugar aqui apenas um fato bem de molde para ilustrar as situações que costumavam correr os seus trabalhos, acompanhando quase sempre da malquerença, da inveja e do ódio dos inimigos da Igreja.

Em janeiro de 1716 encerrou-se a missão em Villiers-en-plaine, missão esta que dera ao santo pregador grandes motivos de alegria. Para tal concorreu o bom exemplo dos chefes locais, o senhor e a senhora d”Orion. Esta, a princípio, por demais crédula das calúnias espalhadas contra Montfort, hesitara em seguir os exercícios da santa missão. Por temor de um escândalo público decidiu-se a comparecer, mais, porém, por curiosidade do que por convicção e piedade, disposta a ver as denominadas “palhaçadas do missionário” e a rir a bom gosto. S. Luís Maria e seus companheiros eram hóspedes da sogra da senhora d”Orion e pôde ela então de perto observar a pessoa do Santo e sua conduta.

A realidade revelou-lhe então quão falsa era a descrição inspirada pelo ódio. Era este o sacerdote de quem tanto se falava ? Diziam-no ridículo, extravagante e indiscreto; ela, porém, contemplava um sacerdote de rara modéstia, de esmerada polidez, de admirável bom senso, respeitoso para os grandes, afabilíssimo para com os pequenos e humildes; não um severo e impertinente censor de mínimos defeitos, mas um padre bondoso, indulgente para com as fraquezas alheias, sempre sorridente, manso mesmo em suas necessárias repreensões. Encontrando ela uma ocasião muito propícia para entrar no quarto do Santo, pode ver de perto os seus terríveis instrumentos de penitência. Ao antigo desprezo sucedeu uma verdadeira admiração.

Enfim, o próprio Altíssimo e bom Senhor quis manifestar a santidade de seu servo. Enlevado em um longo êxtase, S. Luís Maria esteve suspenso dois pés da terra por algum tempo, com os braços cruzados sobre o peito. Em outra ocasião, pouco posterior, predisse a sua morte dizendo: “Morrerei antes do fim do ano”.

Missionário foi até o último dia da sua existência. Abalado em sua saúde, fatigado pelas missões, fez um último esforço para receber dignamente o Bispo, que o surpreendeu com sua inesperada visita, com o único intento de observar de perto as virtude e méritos do Santo.

Nesta ocasião Montfort fez o seu último sermão, que versava sobre a ternura de Jesus para todos nós. Lágrimas de comoção brotaram dos olhos dos seus ouvintes. Não pode levar até o fim a sua alocução, pois a enfermidade o impossibilitava de concluir, e fê-lo recolher-se ao leito. E vinha a morte a grandes passos.

Rodeado dos seus íntimos, sequioso por receber sua última bênção, com o crucifixo traçou sobre eles o sinal da cruz. Com grande amor beijava ele o crucifixo, trazido de Roma e seus lábios pronunciavam os nomes de Jesus e Maria. De súbito caiu em breve sonolência. Agitadíssimo, dela despertou exclamando em alta voz: “Inutilmente me tentas: estou entre Jesus e Maria. Graças a Deus e a Maria ! Minha carreira terminou; não pecarei mais”. Foram suas últimas palavras.

Assim no ósculo do Senhor exalou a sua puríssima alma no dia de 28 de abril de 1716 em Saint-Laurent-sur Sèvre.

A fama de sua santidade espalhou-se de tal maneira que logo depois de ter sido permitido por autoridade do Bispo diocesano e mais tarde pela Santa Sé, procederam-se as indagações canônicas.

Depois do reconhecimento dos milagres, Leão XIII, honrou-o com a glória da beatificação, precisamente no dia 22 de janeiro de 1888. Pio XII, o canonizou solenemente no dia 20 de julho de 1947. No dia 20 de julho de 1996 o Papa João Paulo II inseriu sua festa no calendário romano universal. Sua festa é comemorada com muito júblilo pelas famílias monfortinas e seus devotos, no dia 28 de abril de cada ano.

O Santo é apresentado com o crucifixo sustentado na mão esquerda. Com o pé direito ele pisa a cabeça de satanás representado em figura humana, tentando destruir um livro sobre o qual se lê o título: “Tratado da Verdadeira Devoção”. O semblante do Santo é sereno. Ele olha o demônio e parece dizer-lhe: “Em vão; tu não o destruirás!” A mão direita está estendida e um pouco elevada, apontando o céu num gesto de confirmação daquilo que ele parece nos dizer, isto é, a certeza da vitória sobre o demônio.

Carta aos Amigos da Cruz por São Luís Maria Gringnon de Montfort

Para ser outro Cristo ( Gálatas 2,20).
-Um homem escolhido por Deus.
- Entre mil pessoas que vivem segundo os sentidos e a razão, vive com a luz pura da fé e um amor verdadeiro a Cruz.
- É um homem pela terra como estrangeiro
- Combate no mundo porém não foge dele.
Para estar Unidos.
Os amigos da Cruz são mais fortes que os exércitos de mundo.  Os demônios se unem para perdê-los, se  unem para derrubá-los.
Os avaros se unem para fazer negócios, unam-se vocês para conquistar os tesouros da cruz.
 Para triunfar sobre o demonio, o mundo e a carne.
  1. Com o amor às humilhações se derruba o orgulho de Satanás
  2. Com o amor a pobreza, se triunfa sobre a avareza do mundo.
  3. Com o amor a dor, se mortifica a sensualidade da carne.
Reflexão
  1. Tens verdadeiro desejo e vontade de viver assim, com a graça de Deus, com o poder da Cruz e de Nossa Senhora das Dores?
  2. Utilizas os meios necessários para consegui-lo?
  3. Tens entrado no verdadeiro caminho da vida, que, é o caminho estreito do Calvário ou vais, sem dar conta, cedendo o caminho largo do mundo que conduz a perdição?
  4. Sabes que existe um caminho que ao homem se parece reto e seguro, porém na realidade leva a morte?3
  5. Sabes distinguir com certeza entre a voz de Jesus e sua graça e a verdade do mundo e sua natureza?
 “O que me segue não andará nas trevas” (Jo 8,12)  “Animo Eu venci o mundo” (Jo 16,33)
Os dois LADOS:  1- O LADO DE JESUS CRISTO    2- O LADO DO MUNDO E DO DEMÔNIO
  1. O lado de Jesus Cristo:
A Corrupção do mundo se opõe a este caminho, tornando-o  estreito. Porém Jesus vai adiante, descalço, coroado de espinhos, seu corpo ensangüentado e carregando sua pesada cruz.
O número dos eleitos é menor do que se pensa (Mt 20,16; Lc 13, 23-24). Somente os esforçados e os violentos ganharão o céu (Mt 11,12). Só o que segue um pequeno rebanho (Lc. 12,32) por que sua voz não se pode ouvir em meio do tumulto do mundo ou por que se carece de valor necessário para segui-lo na pobreza, as dores, as humilhações e demais cruzes que é preciso levar para servir ao Senhor todos os dias.
“Vós, porém, não viveis segundo a carne, mas segundo o Espírito, se realmente o espírito de Deus habita em vós. Se alguém não possui o Espírito de Cristo, este não é dele” (ver: Rom. 8,9).
“Pois os que são de Jesus Cristo crucificaram a carne, com as paixões e concupiscências." (Gal. 5,24).
"Ou somos imagem vivas de Jesus Cristo ou nos condenamos".
"O Servo não é maior que seu Senhor" (Jo 3,16).
O Bando do Mundo e do demônio:
Os mais importantes do mundo correm atrás dele. As multidões vão pelo caminho largo atraído pela aparência esplendida e brilhante.  Buscam o mais fácil e prazeroso.
Para manter-se em seu engano se dissem: “Deus é bom e não nos condena. Deus não proíbe as diversões. Não nos condenaremos por issso. Fora os escrúpulos! “Não morrereis”  *(disse a serpente no paraíso a Eva, enganando-a sobre as conseqüências do pecado) ( Gen. 3,4).
Quase todos abandonam a Jesus no caminho da Cruz. Os do mundo vêem a Cruz como loucura, os judeus se escandalizan dela ( 1 Cor 1,23), e nós seus filhos, vivificados por seu Espirito, também nos fazemos inimigos da Cruz ( Fl. 3,18). “Também vós quereis quereis ir?”(Jo 6,67).
“Este tempo deprecia a pobreza de minha Cruz para correr atrás das riquezas, se esquiva das dores de minha Cruz para buscar os prazeres, odeia as humilhações de minha Cruz para buscar as honras. Querem conformar-se com este tempo” ( Rm 12,22).
Tenho aparentemente muitos amigos que asseguram amamar-me, porém no fundo me entristecem, por que não amam minha Cruz. “Tenho muitos amigos de minha mesa e  muitos e poucos amigos de minha Cruz”.
Não nos deixemos arrastar pelos sentidos como Eva. Olhemos o autor e consumador de nossa fé (Hb 12,2), Jesus Criato Crucificado. Fujamos da corrupção do mundo.
MANDAMIENTO DE JESUS PARA A PERFEIÇÃO CRISTÃ
“Se alguém quiser vir comigo, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me.”(Mt 16,24 Lc 9,23)
A perfeição cristã consiste em
1-Em querer ser santo: "Se alguém quiser vir comigo",
2-Em abnegar-se: "que renuncie-se a si mesmo",
3-Em sofrer: "tome sua Cruz"
4-En obrar: “e  me siga"
1-Em querer ser santo: "Se alguém quiser vir comigo":
"Se algém quiser vir comigo". Não disse “os que querem”, oara indicar que são poucos os que buscam levar a Cruz. Portanto é muito reduzido o número dos que se salvam . (As Escrituras e los santos, como exemplo: S.Basilio, S. Efrém, S. Simão o Estilita, S.Teresa de Ávila, S. Agustínho, Sto. Tomas Aquino concordam neste ponto.
O conhecimento prático do Mistério da Cruz se comunica a poucos.
“A vós é dado conhecer os mistérios do Reino dos Céus, porém a eles não” (Mt 13,11).
Há falta de vontade:
“Querer ir com Jesus (“quem quiser vir comigo”), ou seja, que tenha uma vontade sincera, firma, decidida. Não por instinto natural (por impulso), rotina, egoísmo ou respeito humano, e sim pela graça do Espírito Santo.
Aqueles que não tem tal determinação somente com um pé.  “A Cruz se deve levar amar com o coração generoso e de boa vontade”.
“Uma pessoa sem vontade é o mesmo que uma ovelha contaminada com sarna, basta apenas uma para contagiar todo o rebanho. Se uma destas entrar no redil pela porta falsa do mundo, deixe-a de  fora em Nome de Jesus, pois é “como o lobo entre as ovelhas” (ver Mt.7,15 Jo 10,1).
Jesus, “em vez de Jesús, “ em vez de gozo que se lhe oferecera, ele suportou a cruz e está sentado à direita do trono de Deus”. (Hebr. 12,2).
2-Em abnegarse: "que renuncie a si  mesmo":
O que quer seguir-me, imitar-me, deve gloriar-se somente com a pobreza, as humilhações, e aos padecimentos de minha Cruz: “que renuncie a si mesmo”. Meu amor está em desejar tanto seguir-me que colocará  todo coração no Reino sem medir as dificuldades.
“Fora do meio de vocês os soberbos “iluminados” por suas próprias luzes e talentos, os charlatões que amam muito o ruído, os devotos orgulhosos que, dizem “Não somos como os demais” (Lc. 18,11), os que não podem suportar que os censurem, sem justificar-se, que os ataquem, sem que se defendam.
** Santa Tereza D’avila, costumava dizer que mensuramos nosso nível de santidade pela condição que temos de não nos defendermos quando nos atacam, censuram, ou criticam. Ela ensinava que pelo  caminho da abnegação e humilhação mais rapidamente se torna santo, principalmente quando:  “Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós.” (Mt 5, 11-12)
“Não admitam você pessoas delicadas (sensíveis) que recusem a menor moléstia, que gritam e se queixam na mais leve dor”.
 3-O  padecer: "que carregue sua cruz"
A Cruz são suas humilhações, menosprezo, dores, enfermidades, pobrezas, tentações, seqüelas, abandonos, penalidades espirituais e todo tipo de cincunstâncias duras ou difíceis.
Deus não se alegra com o sofrimento de ninguém. Porém Deus tira suas maiores vitórias contra o inimigo se seus filhos levam o sifrimento com amor e confiança em Deus. A Cruz nos purifica de tantos apegos a carne e ao mundo e nos ajuda a buscar primeiro o Reino de Deus.
Deus sabe e tem sob sua providência cada Cruz que tenhamos que levar. De maneira nenhuma nos mandará uma Cruz, sem que Ele nos dê  a graça necessária levá-la, mas isto se lhe pedirmos. Ele sabe a cruz que nos convém.
“Que cada um carregue sua própria Cruz com entusiasmo e valentia. A Cruz que minha Sabedoria lhe fabrico, com número, peso e medida, como fruto do amor infinito que tenho por ti”.
“Que carregue”, que não a arraste, nem a recuse, nem a corte, nem a oculte. Em outras palavras, que se leve com as mãos ao alto, sem impaciência, nem repugnância, sem queixas, nem críticas voluntárias, sem meias escritas nem remendos.
“Que a plante em seu coração por amor, para transforma-la em sarça ardente, que dia e noite se abrase em puro amor de Deus, sem que chegue a consumir-se...pois que nada há tão necessário, tão útil, tão doce e tão glorioso que padecer algo por Jesus Cristo”
S. Paulo diz : S. PaUlo: " Quanto a mim, não pretendo, jamais, gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo. " (Gal. 6,14).
Nada tão necessário como carregar a Cruz..
A Cruz é necessária para nós pecadores. As cruzes desta vida nos ajudam a unirmos a Cristo e não cair no castigo do inferno que todos merecemos.
Não pensemos que estamos seguros de não ir ao Inferno, pois muitos crendo serem bons estavam seguros de si mesmos, e acabaram se descuidados e acabaram por condenados. Pensamos isto quando sofremos alguma pena? Estaríamos contentes de sofrer agora se pois pensarmos que o Purgatório é um padecer horrível.  Muitos vão ali por haver-se conformado com confissões rápidas. Vale a pena padecer agora e arrancar do demônio o livro da morte (Col. 2,14) em que ele leva anotados todos nossos pecados e o castigo que merecem. Na outra vida tudo se paga até o último centavo (Mt. 5,26), até a última palavra ociosa ( Mt. 12,36). Esse mal pensamento, essa palavra que se levou ao vento, serão castigados com espantosos tormentos ( Hb 10,31).
Não é que a Deus falte a misericórdia. Mas bem há que entender que a misericórdia se consegue se nos abrimos a Cruz. Jesus nos disse: “podeis beber o cálice”? (Mt. 20,22)
Execelente coisa é desejar a glória de Deus. Porém desejá-la e pedi-la sem se decidir a padece-la é uma loucura e um pedido extravagante. “Não sabem o que pedem”. Em realidade para ser amigos de Deus e para entrar no reino”Temos que caminhar muito, passar por muitas tribulações” ( Atos14,22)
A Cruz Necessária para os filhos de Deus.
Com razão nos gloriamos de ser filhos de Deus, porém também devemos gloriarrnos de sofrer com Ele.
“Estais esquecidos da palavra de animação que vos é dirigida como a filhos: Filho meu, não desprezes a correção do Senhor. Não desanimes, quando repreendido por ele; pois o Senhor corrige a quem ama e castiga todo aquele que reconhece por seu filho”  LER Carta aos Hebreus 12, 5-11.
A Cruz  é necesaria para os discipulos de Cristo Crucificado
LER.:  (1 Cor. 1,22-24). .(Mat. 11,25) . (1 Cor. 2,2)
A cruz es necessaria para os membros de Jesus Cristo.
Somos  membros de Jesus Cristo, somos seu corpo: Que honra! Porém somos chamados a padecer com Ele.
Se a cabeça de Cristo está coroada de espinhos (Mt 27,29), estarão os membros coroados de rosas?
Se a cabeça é escarneada a caminho do Calvário (Mc 14,65), quererão os membros viverem perfumados?
Se a cabeça não tem onde reclinar-se (Mt 8,20), descansarão os membros entre plumas? Isso seria uma monstruosidade! Não vivam ilusões.
Estes Cristãos que se vê em todas as partes trajados da moda, em extremo delicados...não são os verdadeiros discípulos de Jesus Cristo Crucificado. Quantas caricaturas de cristãos que...enquanto fazem com uma mão o sinal da Cruz, com seus inimigos em seus corações!
Se Cristo é nossa cabeça, aceitemos com Ele a Cruz por amor. Pois é necessário que o discípulo seja tratado como seu Mestre, os membros como a cabeça. E, se o céu nos oferece como a Santa Catarina de Sena uma coroa de espinhos e outra de rosas, escolhamos a de espinhos e ponhamo-la em nossa cabeça para assemelharmos mais a Jesus Cristo.
Ver a Cruz sabendo que somos pedras vivas.
Somos pedras vivas do templo. Nos dispomos a ser moldados pela  cruz para nos tornarmos pedras polidas e prontas para serem assentadas.
Não resistir ao Senhor que como Arquiteto amoroso da golpes de martelo para converter-nos em belas pedras para seu edifício.
Há que sofrer como os Santos.
Jesus Crucificado e Maria a seus pés, seu coração transpassado por uma espada. Esta é a Cruz. Se entendemos que ter  a apreciação popular é ser cristão, não seguiremos a Jesus.
Vejamos bem os Santos. Eles seguiram o exemplo de Jesus com heróica fidelidade sem comparar-se ao mundo e nem conformar-se com a mediocridade espiritual.
Devemos conhecer e refletir a miúdo sobre suas vidas para ver a grandeza do amor que viveram. Estamos unidos aos Santos em torno de Cristo, pela Comunhão dos Santos. Eles são uma “imensa nuvem de testemunhos”( Hb 12,1). Podemos então eximir-nos de imita-los no seu amor a cruz?
Se não sofremos como santos, o faremos como malditos. Não é possível, ao final evitar o sofrimento. Se não sofremos como o Senhor, então não  teremos Seu consolo , sua graça. S em a ajuda de Jesus,  sofremos sozinhos e ainda teremos o peso do demônio: a impaciência, a murmuração e ao final o inferno.
 Nada tão doce como a Cruz.
Temos uma forte tendência de conformar-nos como “não fazer nda de mal” e não dispomos a sofrer por amor a Jesus.
Todos nós cristãos cremos na Cruz porém perdemos consciência de sua realidade. Vamos vivendo na teoria. O mundo nos vai fazendo minimizar a atualidade por que a lei do mundo é: evitar o sofrimento a todo custo. Nada se pode esperar dos cristãos assim, são terras que não produzem...
Se sofremos por amor a Deus, a Cruz se fará mais e mais suaves porque a carne terá menos domínio sobre nós:
“A Cruz abraçada é a menos pesada” Santa Tereza D’avila.
Nada tão glorioso.
Os Santos gozavam no Espirito em meio dos tormentos. A alegria da Cruz é maior que a de prisioneisos liberados da prisão. Devemos estar alegres nas provas, saltar de alegria na perseguição não porque nos dá prazer os sofrimentos mas por que Deus vem nos socorrer. Por isso dizia Santa Teresa D’avila: “Ou padecer ou morrer”
O mundo chama a Cruz: “loucura, infâmia, necessidade por que estão cegos e a julgam humanamente. Porém para nós a Cruz é a Glória ( I Cor. 1, 1-2). São Pedro e Paulo são mais gloriosos por suas prisões e açoites que por terem sido arrebatados em êxtasis.