Pentecostes

A vinda do Espírito Santo de Deus sobre os discípulos e Maria no Cenáculo

Vaticano

Saiba notícias sobre a Santa Sé e sobre o Sumo Pontífice o Papa Bento XVI

Arte Sacra

Pintura, escultura e música sacra.

Santíssimo Sacramento do Altar

A importância da adoração verdadeira à Jesus Sacramentado.

Santa Missa

Entenda a importância da Santa Missa e da Liturgia.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Jejuar do mundo

A Quaresma é um tempo no qual vivemos a tensão para encontrarmos o equilíbrio certo, o momento exato, a fórmula 'mágica' para vivermos a tríplice ordem – jejum, esmola e oração. Sabemos que a Igreja nos ensina várias modalidades para mergulharmos nesta intimidade com Jesus por meio desses atos. Porém, ela não fecha em uma forma exata, dogmatizada, sobre como devemos praticar o jejum, a esmola e a oração. 

Assim, para encontramos a medida certa precisamos ser criativos, sobretudo no que diz respeito ao jejum. Clemente de Alexandria, em sua criatividade, nos ensinou a “Jejuar do Mundo”, ou seja, a nos afastarmos das situações rotineiras que não nos colocam em comunhão com Jesus. Essas modalidades são chamadas extracanônicas (cf., Estromatas, II, 15: GCS 15,242).

Para explicarmos isso melhor recorremos à proposta de "Jejum do Mundo" ensinada pelo Frei Ranieiro Cantalamessa – pregador da Casa Pontifícia, no livro "Preparai os Caminhos do Senhor".

Segundo ele existe um tipo de mortificação possível a todos e, acima de tudo, benéfica, que é o jejum das notícias inúteis e das imagens do mundo. O religioso afirma que vivemos em um mundo no qual a comunicação em massa nos bombardeia com notícias, informações, propagandas, imagens que corroem a nossa vida espiritual. 

Essas informações e imagens, presentes na televisão, na publicidade, nos espetáculos, nos jornais, nas revistas, na internet tornaram-se o veículo privilegiado para a expansão da ideologia mundana, consequentemente nos afastam da união com o Senhor. Podemos constatar isso na nossa vida, sabemos o quão difícil é nos recolhermos para rezar em meio a tanto "barulho". Um exemplo claro disso é quando acabamos de nos "encher" de algumas informações e vamos rezar, parece que não "desligamos", ficamos pensando no celular que poderá tocar, na notícia que acabamos de receber, na fofoca que ouvimos ou falamos, daquela bendita música – secular, que não sai da nossa cabeça –, enfim, levamos em nosso coração todos aqueles emaranhados de notícias que acabamos de ouvir e ver. 

Portanto, não é possível encher os olhos, a mente e o coração com essas imagens e informações e depois querer rezar.

Frei Raniero afirma ainda que "o Reino de Deus tem as suas notícias eternas, sempre novas, a serem ouvidas, e, pelo fato de estarmos tomados pela paixão das notícias do mundo, não mais as compreendemos. Parecem-nos apenas coisas velhas superadas, não a proclamaremos com força, pois elas não vivem com força dentro de nós".

Podemos, dessa forma, em meio à rapidez das informações, dedicar nosso tempo gasto com a procura destas informações inúteis à oração, por intermédio do Jejum do Mundo, pois todo pequeno esforço pode se transformar em uma ocasião de encontro com Deus. Assim, desviando o nosso olhar da ilusão (cf. Sl 119,37), teremos acesso às notícias eternas, as quais somente os corações íntimos do Senhor podem ver.




Ricardo Gaiotti
@ricardogaioitti
Comunidade Canção Nova

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Como reagir diante da contrariedade?

Extremante difícil é a experiência de perceber-se contrariado. Sim, de descobrir que tudo o que havíamos idealizado até então, acabou não encontrando um terreno favorável para verdadeiramente florescer. Diante de tal realidade, faz-se profundamente necessária uma atitude que está em desuso e fora de moda neste tempo: a paciência.
Nem sempre o que sonhamos e desejamos será capaz de acontecer na hora e da forma como pensávamos e, muitas vezes, isso não será nem mesmo possível em nossa história. Diante dessas situações, nas quais o coração se descobre contrariado, este precisa buscar maturidade para dilatar-se em tudo, adquirindo vida e temperança pela força da paciência.
Dilatar-se significa ir além (alargar as próprias fronteiras), abrindo-se a novas percepções e compreensões da realidade. Significa acolher o possível, reconciliando-se com ele, porém, sem deixar de sonhar e desejar o melhor. Pena que somos ansiosos e imediatistas demais, e queremos que tudo se resolva imediatamente e da maneira como pensamos. É preciso ter paciência e humildade para deixar as coisas acontecerem, em seu ciclo e movimento, naturalmente. Necessário se faz saber perseverar no bem, mesmo diante de dores e situações de adversidade.
A contrariedade é também pedagógica: ela nos ensina que não somos soberanos e que nem tudo tem de necessariamente se dobrar diante de nossa “magnífica” vontade. Quando somos contrariados temos a possibilidade de assumir – com serenidade e sobriedade – nosso verdadeiro lugar na existência. Assim seremos mais abertos e modestos na vida, sem a infantil pretensão de acreditar que nossa visão e posição devem ser sempre únicas e absolutas.
Aprendamos a conviver – pacientemente – com a contrariedade. Tenhamos a paciência de esperar o alvorecer das vitórias que Deus reserva para nós. Estas [vitórias] acontecerão, contudo, é preciso aguardá-las dilatando o coração para melhor poder saboreá-las, e isso na medida e no tempo em que elas conseguirem se despertar…
Dessa forma descobriremos qual é a verdadeira missão que nos espera na vida, e, diante dela, poderemos dar as felizes respostas que o Criador espera de nós.
Não esqueçamos: é preciso paciência e perseverança diante das contrariedades. Isso será extremamente maturador e agregador de sabedoria para nós. Não tenhamos medo de exercer essa realidade!


Padre Adriano Zandoná
Comunidade Canção Nova

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Castigo de Deus... ou oportunidade para crescer?

É muito difícil não perguntar: Por quê? Como entender que pessoas inocentes, boas, idosas, crianças sofram tanto? Seria castigo de Deus? Ou, na verdade, Ele não tá nem aí pra tudo isso?!
De fato, não é fácil entender a tragédia humana. Não há explicações. Sempre esbarramos no imprevisível, no inexplicável, no mistério. E já aprendemos que de nada adianta ficar procurando um porquê. Muitas perguntas continuarão sem respostas. Mas podemos interrogar sobre os motivos, as causas, e que proveito podemos tirar de tudo isso, uma vez que nada é inútil, nada é em vão.
O povo da bíblia também tinha seus questionamentos. Diante da humilhação, das tragédias, das derrotas, da destruição dos templos, ao ver a Arca de Deus ser levada pelos inimigos vinha sempre esta interrogação: por que Deus permite isso? Até mesmo a deficiência física era considerada como pecado. Os discípulos perguntam a Jesus: “Quem pecou, ele ou os seus pais, para que nascesse cego?” (Jo 9,2). Numa dessas oportunidades em que Jesus é questionado sobre o assunto, ele afirma que os galileus que foram assassinados por Herodes quando ofereciam sacrifícios a Deus, bem como os que morreram com a queda da torre de Siloé não eram mais pecadores. E continua: “Contudo, se vocês não se converterem, morrerão também” (cf. Lc 13,1-5).
Jesus procura acabar com a imagem de um Deus vingativo, que vigia e castiga. Tirar a ideia de que sofrimento é castigo. Mas aproveita a oportunidade para fazer aquele grupo refletir: o que causa a verdadeira morte é o pecado. O que destrói de fato o ser humano é o mal.
Jesus quer nos ensinar que acontecimentos trágicos e sofrimentos inesperados são sempre uma oportunidade para amadurecermos. Mesmo não sendo vontade de Deus, ele permite que aconteça para ajudar seu povo a valorizar mais a vida, a ser mais solidário com os que sofrem, a entender que essa vida é transitória. Ensina a necessidade de repensar nossas atitudes e nossas escolhas. Há fenômenos que são naturais. Há outros que são consequência da ganância, da irresponsabilidade, do egoísmo, de descuido do poder público e da população.
De fato, muitas enchentes são naturais; mas outras tantas são causadas pelo desequilíbrio gerado por desmatamentos e represamento de água, por falta de infraestrutura, pelo excesso de lixo jogado nas ruas, pela falta de planejamento urbano. Há deslizamentos que são resultado da especulação imobiliária e da falta de políticas públicas de moradia. O apoio aos atingidos e a reconstrução sempre esbarram na escassez de recursos ou no desvio de verbas. É difícil acreditar, mas tem muita gente que se aproveita das tragédias, da fragilidade, da dor para lucrar. Vemos isso a todo instante. O sofrimento vem da natureza, mas o estrago maior é causado pelo próprio ser humano.
O certo é que a vida nos oferece muitas lições. É preciso estar atentos. Ver o que não depende de nós e o que está em nossas mãos. Tanta dor não pode ser em vão. Tanto sofrimento deve nos ajudar de alguma forma. Tudo isso pode despertar em nós um maior cuidado com a natureza, o esforço para evitar o consumismo e o desperdício, a luta para diminuir as desigualdades sociais, maior engajamento político e organização popular para exigir políticas públicas adequadas e necessárias. Aprendemos o poder da união, da organização, da solidariedade. E aprendemos sobretudo ao ver no rosto daquele povo machucado a expressão da fé, da coragem, da teimosia. Ao sentir em seus olhos embaçados pelas lágrimas o brilho da esperança e o desejo de reconstruir. Como não se deixar tocar por tudo isso? Como não aprender com tantas lições da vida?!


Pe. José Antônio de Oliveira

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Álcool na juventude



Ele está presente no Carnaval, nas festas de fim de ano, nas confraternizações, na balada, na família... Seu melhor amigo? Não, talvez o seu pior inimigo. Estamos falando do álcool, uma droga lícita que enquadra os jovens no rol das suas principais vítimas. Segundo a OMS, 320 mil jovens morrem todos os anos por causa do álcool. O que nós devemos fazer? 

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o álcool mata 320 mil jovens todos os anos e está entre as principais causa de adoecimento e morte no Brasil, segundo a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Mais de 60 tipos de doenças estão ligadas ao consumo do álcool; além disso, a maioria dos jovens que inciam sua vida nas drogas mais pesadas testemunham que o álcool foi a porta de entrada para elas.
destrave-alcoolismo

“O camarada diz: ‘Ah, eu só bebo no final de semana’”. No entanto, se ele ultrapassa os limites do seu organismo, também vai enfrentar sérios problemas de saúde, diz o psiquiatra Nilson Lyrio.


Muitos jovens não sabem, mas o simples fato de ultrapassarem os 30 gramas de álcool no sangue  (o equivalente a três copos de chope), já causam danos a vários órgãos como fígado, pâncreas, estômago, coração e cérebro. “O álcool gera o aldeído acético que é um veneno. Ele mata as células do fígado e mata neurônios”, alerta doutor Nilton.
Além das doenças, o álcool também faz vítimas na combinação “bebida x direção”. Estima-se que 75% das causas de mortes no trânsito estejam – de forma direta ou indireta – ligadas ao consumo da droga. “As pessoas que bebem perdem, em grande parte, a sua capacidade reflexiva, alterando o equilíbrio e seu senso espacial”, explica a psicóloga Elaine Ribeiro.

Por que eu bebo?

A pergunta é: por que os jovens estão bebendo cada vez mais cedo e em maior quantidade? O que está por trás doconsumo abusivo entre este grupo?
“Muitas vezes, o jovem busca a solução para seus problemas no álcool, numa tentativa de fugir do meio em que se encontra”, conta o psicólogo Marcos Ariel. De acordo com o profissional, é normal a transgressão de algumas regras e limites nesta etapa, mas o consumo abusivo pode estar escondendo a fuga de alguma situação problemática ou conflito interior. É nesta hora que o álcool surge como um “anestésico”.
“O uso abusivo do álcool pode estar escondendo alguma situação problemática ou conflito interior”
Para a psicóloga Elaine, o adolescente também tem a necessidade de fazer parte de um grupo e de ser aceito socialmente por ele, porque busca uma identidade; assim o álcool surge como uma forma de socialização. Mas a especialista alerta: “muitos jovens pensam que a bebida vai deixá-los mais livres, mais alegres, no entanto o álcool é um inibidor do sistema nervoso central. Então, depois daquele momento de euforia vem a depressão”.
No ano de 2011, a mundo assistiu ao fim trágico de uma das mais talentosas cantoras da atualidade, a britânica Amy Winehouse. Segundo o laudo a jovem morreu por causa do abuso do álcool. “por mais talentosa que esta cantora tenha sido, o que fica é o ‘como’ ela terminou. querendo ou não estes artistas também são referência para os jovens, e neste caso uma referência negativa” disse a psicóloga Elaine

Quando o vício bate à porta

Segundo a Unifesp, 78% dos jovens brasileiros bebem regularmente e, deste número, 19% são considerados dependentes do álcool. 

“A pessoa que bebe deve procurar saber se, na sua família, há histórico de alcoolismo, porque ela pode trazer o gen da dependência que vai predispor esta pessoa a ser um adicto em potencial”, orienta o psiquiatra, doutor Nilton Lyrio.

Segundo Nilton, além da questão genética que pode causar dependência, o consumo exagerado e frequente pode viciar a pessoa no álcool. “No fim de semana, o cara diz que ‘bebe todas’. Ele começa assim, bebendo ‘todas’ no fim de semana, mas, depois, passa a beber muito também durante a semana. Quando vê, já está buscando a bebida de forma compulsiva. Podemos dizer que este cidadão já está dependente”.

A religião como fator preventivo

A religiosidade vem ganhando destaque quando se trata da prevenção e da recuperação de jovens adictos de drogas lícitas e ilícitas. Dados publicados pelas PubMed e Scielo (Revistas de Medicina da Saúde dos EUA), mostram que pessoas que participam de uma religião ou dão importância à espiritualidade apresentam baixos índices de consumo de drogas como o álcool. Outro dado é que adictos que se tratam em comunidades terapêuticas de cunho religioso apresentam melhor recuperação do que aqueles tratados em clínicas médicas convencionais.

“Às vezes, pensamos que o recuperando não tem jeito, mas é neste momento que Deus age e muda a vida dessa pessoa”, diz Márcia Hoenhe da Pastoral da Sobriedade da diocese de Lorena (SP). 

Para Márcia, que trabalha na Casa Ágape (uma comunidade terapêutica) ,é notável a recuperação da pessoa que crê e participa das atividades de espiritualidade da casa de recuperação, daquelas que não acreditam e não participam.
“Eu tenho 32 anos de idade e metade da minha vida eu passei nas drogas. Ela só me deu euforia e eu não sabia o que era felicidade verdadeira, mas coloquei Deus na minha vida e Ele está me abençoando”, testemunha Douglas que se recupera do vício na casa Ágape.

Via Destrave, Canção Nova

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

O que fazer com as opiniões a nosso respeito

Todos nós gostaríamos de exclamar: "Não tenho inimigos! Dou-me muito bem com todos!". A realidade nos mostra que, via de regra, todos temos uma pedra no sapato. Há sempre alguém que nos espicaça e nos tira o bom humor. Na maior parte das vezes é por motivos fúteis. Alguém é frontalmente contra nós por causa do nosso jeito, porque a nossa fisionomia lembra a de um conhecido adversário, porque deixamos de atender um pedido que envolvia corrupção, porque não somos do partido tal...


Posso dizer, pessoalmente, que despertei vários inimigos irreconciliáveis por ter tomado posição em favor daquilo que é ensinamento de Cristo. Outras vezes, não foi possível atender uma solicitação, inteiramente de interesse pessoal, por contrariar o bem comum. Eu tenho muitíssimos amigos. Sinto uma onda de simpatia pela minha pessoa, mas não posso dizer que não tenho inimigos. Existem alguns poucos que me odeiam. Às vezes, nem eles sabem direito o porquê. Chego a gemer na dor: “Salva-me, Senhor, dos meus inimigos” (Sl 143,9).


Fico conjeturando: "Por que passamos por essa provação de encontrar alguém que nos detesta?”. O primeiro motivo pode ser nós mesmos, quando prejudicamos alguém irremediavelmente. Neste caso, estejamos abertos para um reatamento da amizade. Todos temos um dia em que cometemos algum erro. Entre os que tomam a iniciativa de nos odiar (sim, isso existe), quem são os nossos inimigos? Não são diretamente os ateus, os espíritas, os evangélicos; são aqueles que deveriam ter um vínculo conosco. “Os inimigos do homem são os da sua casa” (Mt 10,36).


A definição das nossas ideologias costuma ser outro fator de desunião. Os  amigos vão até ficar estupefatos com minha afirmação, mas um divisor de águas é uma velha ideologia do século XIX. Trata-se do socialismo. A partir dele o homem de Igreja é classificado de “avançado”, “libertador”, "retrógrado”, “tridentino”, “moderno”, “atualizado”, “amante dos ricos” ou “inteligente”.
O critério não é o Evangelho. Em muitos casos, somos obrigados a conviver com tais pessoas sem esperança de reconciliação e rezar por elas. Mas a pergunta, diante de muitos casos inexplicáveis, sempre permanece: "Saulo, Saulo, por que me persegues?” (At 22,7). 


Dom Aloísio Roque Oppermann scj
Arcebispo de Uberaba - MG